segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

HISTORIOGRAFIA DA HISTÓRIA

O estudo da História tem se mostrado imprescindível para o desenvolvimento da raça humana e tem sido base de importantes tomadas de decisão. Durante o processo histórico todos os fatos são de fundamental importância, desde o primeiro contato com o fogo, provavelmente sendo visto como um inimigo natural, até os acontecimentos mais recentes, como por exemplo, a queda do muro de Berlim.
No decorrer de todo esse processo, podemos considerar que um dos mais importantes eventos históricos se deu quando da derrubada do positivismo, que vinha a ser um período da história onde o sujeito era tido como neutro, ou seja, não era influenciado pelo meio e nem por nada ao seu redor, momento este onde os fatos só tinham validade se escritos oficialmente, como exemplo deste período temos as narrativas dos grandes feitos heróicos e dos generais. A partir de 1929 com o surgimento da Escola dos Anais, através de novas estratégias, novas propostas, novos métodos e atores sociais, o sujeito deixa de ser neutro e passa a sofrer forte influência do meio social ao qual está inserido, deu-se maior credibilidade as fontes históricas não oficiais como jornais livros didáticos e revistas, e os relatos passaram a ter maior verossimilhança com a realidade, deixando de ser apenas relatos odisséicos de grandes feitos heróicos e retratando os acontecimentos históricos de tal maneira onde todos os atores são importantes.
Durante centenas de milhares de anos a América, e por conseqüência o Brasil e a Amazônia foram desabitados. A partir de determinado período histórico fora iniciado um processo migratório, parte dele motivado pela busca por melhores condições de sobrevivência, deste processo migratório resultou a ocupação do nosso continente. Através de processos arqueológicos e da história oral, muito se tem descoberto ao longo dos anos sobre todo esse longo processo migratório e sobre suas fortes conseqüências até os dias de hoje. No tocante a ocupação no território onde hoje se localiza o Brasil, tem-se vestígios de seres humanos registrados há aproximadamente 11.000 anos, como é o caso do fóssil encontrado em Minas Gerais, e denominado Luzia. Sabe-se ainda, através destes mesmos relatos arqueológicos, orais e escritos, que a ocupação da Amazônia é bem mais antiga que a chegada dos conquistadores europeus. Contrariando todo o mundo desenvolvido daqueles idos dos séculos XV e XVI, aqui já existiam, viviam e conviviam povos com uma complexa grade social, capazes de se organizar em tarefas comuns e de realizar trabalhos complexos. Portanto a arqueologia e a história oral só vêm a confirmar e contribuir para que tais acontecimentos sejam inseridos nos documentos e relatos deste importante período da história.
A grosso modo podemos dizer que todo e qualquer processo histórico por si só já se torna excludente. Sempre existiram e sempre existirão “descobridores e descobertos”, conquistadores e conquistados, colonizadores e colonizados e o que resulta dessa relação nem sempre é bom. Tomemos com base as narrativas históricas que conhecemos sobre o nosso mundo. Durante o processo de primeiro contato entre as civilizações, a saber, a que aqui existia e a que veio da Europa, os nativos também produziram relatos, grande maioria deles orais, sobre suas “expectativas”, por assim dizer, seus medos, e sua admiração frente aos monstros de madeira que andava sobre as águas e frentes aos homens barbados vestidos com roupas estranhas e com armas que pareciam soltar pedacinhos do deus trovão. Porém todos esses relatos de nada adiantavam aos conquistadores europeus já que estes sempre buscaram tão somente riquezas e a exploração. Não obstante ainda encontra-se o fato de os relatos dos primeiros habitantes das terras de além mar não serem “oficias”, e, voltando ao abordado no segundo parágrafo deste escrito, como os escritos daquela época ainda eram voltados ao ser humano como sendo sujeito neutro, ai então mora a assertiva de que todo o material que conhecemos hoje, inclusive nos livros didáticos, sobre o processo de ocupação da América, do Brasil e, por conseguinte, da Amazônia, é retirado dos relatos europeus.

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